segunda-feira, 16 de abril de 2012

de volta aos «sábios e entendidos»

Todos os "ateus" e "agnósticos" que tenho conhecido (coloco entre aspas por não ser classificação minha, antes sua, sendo que como tal se apresentam e como tal quase orgulhosamente se assumem) têm em comum o cuidado de se demarcarem como «sábios e entendidos» dos que, em virtude das crenças que lhes atribuem, ainda que benevolamente não deixam de olhar de cima. Já sei, à partida, que, no momento em que me diga cristã, me verei  metida no uniforme da representação estereotipada que têm do cristão e daquilo em que acredita (é evidente que procedem da  mesma maneira com o islamismo e o judaísmo, e mesmo com o budismo, pesando a diferença apenas na componente interpessoal afectiva).
Em obediência ao princípio de não fazer com o outro o que não quero que faça comigo, não atribuo conteúdos à crença que têm, já que reconheço que a "ciência" que entronizam pode ir desde a própria de cada um, à "normal", à "de ponta" e até à que olho como um dos «dons do Espírito».
A antropomorfização da divindade integra a representação estereotipada que fazem do cristão. Este, não menos "esclarecido" e conhecedor desta natural tendência humana de todos os tempos e culturas, sentir-se-á inclinado a privilegiar a "via negativa" (apofática) e a levar o despojamento e libertação de si mesmo até se ver como o nada que manifestamente é (e nem precisa de se olhar à escala cósmica). Impõe-se-lhe pensar um Deus não antropomórfico, a que nenhuma qualidade humana, nem mesmo a sua negação, é atribuível. Não lhe bastando reduzir o processo relacional - a é b - ao existencial - a é - , (contrariando o axioma matemático) toma-o simultaneamente nas suas duas polaridades: a (não) é. E absorve nesta perspectiva a do que se auto-denomina ateu.
Se, nesta medida, enfileira entre os «sábios e entendidos» a quem permanece oculto o que é revelado aos «humildes e pequeninos», desenfileira-se  no momento em que ao mesmo tempo acolhe a "via afirmativa", que retoma o processo relacional básico: a é b, em que b é elevado ao superlativo da perfeição.
Nesta dupla perspectiva (a que envolve simultaneamente uma e outra vias), não só Deus é tudo em todos como cada um é tudo em Deus, que o vê como único que é.
Nunca percebi a dificuldade em Lhe reconhecer esta capacidade de ver simultaneamente o infinitamente grande e o infinitamente pequeno, e sentir, sofrer, com e em cada ser, por mais pequenino, o que ele sente e sofre - e neste sentir e sofrer de Deus não incluo só o de cada homem, mas o de cada ser em toda a criação.

Este cântico (e quem o canta) parece-me particularmente significativo.



Transcrevo do texto informativo de um outro vídeo:
"How Great Thou Art" is a Christian hymn based on a Swedish poem written by Carl Gustav Boberg (1859-1940) in Sweden in 1885. The melody is a Swedish folk song. It was translated into English by British missionary Stuart K. Hine, who also added two original verses of his own composition.  

O Lord my God!
When I in awesome wonder
Consider all the works
Thy hands have made.
I see the stars,
I hear the rolling thunder,
Thy power throughout the universe displayed.

Then sings my soul, my Saviour God, to Thee;
How great Thou art, how great Thou art!
Then sings my soul, My Saviour God, to Thee:
How great Thou art, how great Thou art!